domingo, 18 de agosto de 2024

 Tenho 25 anos e minha vida foi repleta de traumas até aqui...


Eu sempre fui uma criança diferente, era mais na minha, tinha dificuldades em fazer amizades e me comunicar com as outras crianças. Parentes meus diziam para meus pais me levarem em um psicólogo infantil, pois achavam que eu tinha algum problema mental. Mas eles nunca me levaram e fui crescendo assim.

Quando eu tinha uns 4 anos, uma das minhas irmãs (10 anos mais velha do que eu) engravidou e logo trouxe o cara pra morar com ela aqui em casa e quando eu tinha 7 anos a primeira filha dela nasceu.

Ele parecia um cunhado legal e divertido, as vezes me contava histórias para dormir e brincava comigo, mas ele nem sempre foi dessa forma doce comigo... Aos meus 8 anos de idade ele me abusou, por diversos dias e colocou na minha cabeça que era apenas "uma brincadeira divertida" e que era nosso segredo.

Na época comentei isso na sala de aula, a professora ouviu e chamou minha mãe na escola. Quando chegamos em casa eu lembro de estar em pânico com medo de apanhar ou do que fosse acontecer comigo e menti que havia sido apenas um sonho. Mas foi daí em diante que minha depressão começou a tomar forma e comecei a me isolar ainda mais.

2011 foi um dos piores anos da minha vida, eu tinha 12 anos na época. Conheci uma menina que logo se tornou minha "amiga", ela fazia algumas maldades comigo como me humilhar, dizer coisas para me por para baixo e coisas do tipo. Mas como eu não tinha mais ninguém, achava menos pior andar com ela do que sozinha (que tola eu fui). Esse foi um ano horrível, além dessa menina me humilhar e falar mal de mim, do meu cabelo, do meu corpo e de tudo, eu podia ouvir direto nossos demais colegas falarem coisas do tipo "tadinha, ela tem problemas mentais". As vezes puxavam meu cabelo, me empurravam, jogavam minhas coisas no chão/lixo, saiam correndo de mim rindo. E eu não contava pra ninguém por medo de piorar tudo...

E sempre que eu era afim de um menino, ele virava piada o ano todo. Eu me lembro de que depois que essa menina foi expulsa da escola por levar coisas ilícitas (eu nunca me envolvi), ninguém queria se sentar comigo na sala ou no refeitório. Se eu me sentasse, eles simplesmente se levantavam e saiam de perto.

Foi aos meus 12 anos que escrevi minha primeira carta de "despedida" aos meus pais e planejei acabar com tudo pela primeira vez, uma pena que não tive coragem.

Meus namoros foram conturbados, mas até meus 17 anos nenhum havia sido traumatizante.

Eu vejo meus pais até hoje se matarem todos os dias aos poucos fumando, eles tem vários problemas de saúde e não param nunca de fumar. Já os ouvi dizer várias vezes que eles só estão esperando pelo fim deles.

Em 2022 minha mãe tentou pela terceira vez acabar com a vida dela, eu tinha 23 anos e foi pra mim que ela chegou e contou que havia tomado todos os tarjas preto dela. Isso era umas 6h da manhã, então tive que acordar meu pai e corrermos para o hospital com ela. Eu ouvi ela dizer o caminho todo que não queria mais viver, eu incrivelmente consegui me manter um pouco calma e cuidar dela. Achei que ela fosse morrer, e o médico nos disse que se ela tentasse novamente, já era.

Tive uma crise no banheiro e em casa algumas vezes, eu quem posei com ela a semana toda no hospital e não consegui dormir em nenhuma das noites, eu dormia um pouco durante o dia antes de retornar para lá. O médico chamou meus 2 irmãos que se criaram comigo e eu, e deu um termo de responsabilidade por ela. Esse termo deveríamos assinar pois só um de nós 3 poderíamos liberar ela do hospital. Meus irmãos não confiaram em mim e só eles assinaram, eles nunca confiaram em mim pra nada e sempre me viram como infantil. Mas eu não sou assim, eu só tenho algum problema que ainda não identifiquei...

Tem também meu atual namoro, conheci ele em 2017 quando eu tinha 18 anos. Namoramos 2 anos e meio e demos um "tempo" de 4 anos, pois ele me fazia mal. Nesse meio tempo tive outros namorados mas não conseguia esquecer ele.

Voltamos a namorar no ano passado, em 2023.

O problema do namoro é que vem com uma "Check List" do que ele quer que eu mude. Ele gosta de loiras de olhos azuis, branquinha, patricinhas. E eu sou mais morena, latina.
Ele quer que eu corrija minha postura, faça aulas de etiqueta, me vista com as roupas que ele gosta (eu sou rockeira mas ele odeia minhas roupas, então nem as uso mais) e que eu faça academia por ele detestar minha barriga.

Moramos juntos em SP no ano passado, durante 4 meses. E muitas noites ele não queria "algo a mais" comigo e inventava várias desculpas. Quando voltamos aqui para o RS, ele me revelou que era por conta da minha barriga, e que não tinha muita vontade por isso, eu fiquei arrasada... 

O problema é que eu sempre tenho muita insegurança, toda vez em que assistimos algo ou jogamos algo, ele sempre tem que ficar idolatrando a garota loira, gostosa e de olhos azuis na minha frente. Eu me sinto insegura porque sei que ele queria que eu fosse daquele jeito e que se uma dessas der em cima dele, já era pra mim...

Eu não sou feia, as pessoas me acham linda. Inclusive faço lives no youtube e tenho um público até que grande, e todos me acham linda e vivem me elogiando, na vida real também. Mas por conta de todas as inseguranças eu acabo me sentindo um lixo e as vezes nem tenho vontade de me olhar no espelho...

Eu estou começando a mudar por ele, comprei lentes azuis bem clarinhas e aprendi a colocar. Mês que vem ele vai me pagar para deixar meu cabelo loiro bem claro, agora só uso rosa e roupas de menininha perto dele. Ano que vem ele vai me pagar academia e mais para frente silicone. Eu estou mudando meu jeito, agindo como a personagem "Lila" do desenho "Hey Arnold!" perto dele, tentando ser perfeita e feminina.

Muitos me perguntam "por que tu não deixa ele?" e eu respondo: Eu criei uma espécie de obsessão por ele, ele sempre apoiou meus sonhos "malucos" como trabalhar de youtube e desenhista, o que 99% da minha família e amigos nunca me apoiaram. Ele já cuidou muito de mim, ele consegue me aturar sem terminar comigo. Ele atura minhas crises, e são bem feias as vezes, eu choro, me bato, bato na pessoa, nas coisas... Ele atura tudo isso e ainda gosta de mim. Só ele vai aturar tudo isso e ainda gostar de mim.

Eu preciso dele.

Penso em encerrar minha vida todos os dias, já planejei diversas vezes, encomendei corda, participo de grupos que dão dicas de como fazer na DW. Só que não posso deixar meus pais, eles precisam de mim. E tem Deus, tenho medo dele nunca me perdoar... 
Mas depois que meus pais se forem, acho que a coragem vai vir à tona.

Eu ando fumando cigarro quase todos os dias, dos bem baratos. As vezes bebo vodka, me dopo com clonazepam e me corto toda, dou socos em mim mesma, pratico bulimia e em fim...

Mas não pensem que quero deixar de existir só por conta de um namoro, é muito mais. São traumas desde a infância, nada mais me deixa feliz ou bem, eu me sinto vazia.
















Eu me destruo para consertar você

 As vezes eu queria ter uma arma e um pouco mais de coragem...